União completará quatro anos com diversas conquistas em prol do meio ambiente
Neste ano de 2024, a ONG Guardiões do Mar e a Nova Transportadora do Sudeste (NTS) completarão quatro anos de parceria. E serão muitos motivos para comemorar. Entre eles, estão a criação do primeiro Ecoclube de Cachoeiras de Macacu e a restauração de 10 hectares de manguezais da Baía de Guanabara — ações promovidas pelo Projeto Sou do Mangue, iniciativa da Guardiões, com parceria e execução da NTS.
A iniciativa de restauração é desenvolvida na Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim, Unidade de Conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que abrange os municípios de São Gonçalo, Itaboraí, Guapimirim e Magé. Apesar de ser o último reduto do ecossistema remanescente, abrigando a maior área contínua de manguezal preservada do estado do Rio de Janeiro, a APA possui trechos onde ocorreram intensos desmatamentos, em especial, até a década de 1980.
Com o objetivo de restabelecer parte da vegetação típica da região, o corpo técnico do Projeto Sou do Mangue contou com a colaboração de uma comunidade tradicional de pescadores e catadores de caranguejos, representada pela Cooperativa Manguezal Fluminense.
Com duração total prevista de 48 meses, a ação foi iniciada em novembro de 2020, com a atuação de uma equipe operacional composta por 15 integrantes da Cooperativa. Entre as atividades que foram realizadas estão: melhoria do fluxo hidrológico com correção de canais, roçada de espécies invasoras, transplante e plantio de mudas pertencentes às três espécies arbóreas nativas da região. Atualmente, a área encontra-se na fase de manutenção e monitoramento. Ao todo, foram plantadas 25.000 mudas.
Grande parte do sucesso do projeto se deve à união da tecnologia social — conjuntos de técnicas e saberes locais — com o conhecimento técnico e científico. Por meio desse intercâmbio entre a ciência e as comunidades tradicionais, são resgatadas ou desenvolvidas, por exemplo, técnicas de manejo sustentável, como o Transplantio, que é o método utilizado para restaurar o ecossistema.
“Tendo em vista os severos impactos ambientais causados aos manguezais nas últimas décadas, torna-se necessário adotar medidas de restauração florestal, desenvolvendo tecnologias sociais para o restabelecimento das suas funções ambientais. No Brasil, projetos de restauração florestal de manguezais ainda são pouco difundidos, além de possuírem escassa literatura técnico-científica”, explica o coordenador do Projeto Sou do Mangue, Guilherme de Assis.
Já o primeiro ecoclube Serra/Mar, outra iniciativa de sucesso no âmbito dessa parceria, reúne 15 jovens, de 15 a 17 anos, com o propósito de contribuir com o processo de melhorias socioambientais em Cachoeiras de Macacu.
A formação, que objetiva fomentar o protagonismo jovem em prol das boas práticas socioambientais, teve início em setembro de 2023 e se estenderá até junho de 2024. Nesse período, os jovens exploram diversas temáticas que visam ao desenvolvimento pessoal, coletivo e socioambiental. Entre os temas trabalhados estão: racismo ambiental, emergências climáticas, saúde ambiental e saneamento.
“Por meio do Ecoclube, o Projeto Sou do Mangue amplia os horizontes dos jovens apoiando a promoção da democracia participativa na construção das políticas públicas adequadas aos seus interesses, necessidades e aspirações. O jovem, como investigador de suas próprias práticas, engajado nos desafios colocados pela condição social é uma realidade possível. Essa é a nossa maior conquista!”, destaca Angela Soledade, pesquisadora do Projeto Sou do Mangue.
Parceria do bem
O Projeto Sou do Mangue, uma execução da NTS – Nova Transportadora do Sudeste, com realização da ONG Guardiões do Mar, teve início em outubro de 2020, quando começou o trabalho de Restauração Florestal de 10 hectares de manguezais degradados, localizados na APA de Guapi-Mirim. O projeto tem duração de 48 meses e segue os mais rigorosos indicadores de qualidade ambiental, como a Resolução INEA n° 143 de 2017.
Em uma nova etapa da parceria, iniciada em 2023, a educação ambiental vem sendo utilizada como ferramenta para um trabalho de relacionamento comunitário com moradores de comunidades, direta ou indiretamente impactadas, pelo Gasoduto Itaboraí-Guapimirim (Gasig). O objetivo é sensibilizá-los e mobilizá-los para a disseminação de informações e boas práticas ambientais.
“Vemos essa nova fase, que contempla ações de educação ambiental, como enorme satisfação. Afinal, não adianta só restaurar. É preciso educar as pessoas e mobilizá-las para que entendam a importância que o manguezal possui na vida de todos. Não é porque moramos na serra ou em localidades mais centrais que não devemos nos monitorar todos os dias e adotar boas práticas. É preciso disseminar a conexão da serra com o mar. Esse é o papel do programa de educação ambiental do projeto Sou do Mangue”, conta o presidente da ONG Guardiões do Mar, Pedro Belga.
As comunidades atendidas pela parceria são: Alto do Jacu, Itambí e Sambaetiba, em Itaboraí; Parada Modelo e Vale das Pedrinhas, em Guapimirim; e Bonanza, São José da Boa Morte e Santana de Japuiba, em Cachoeiras de Macacu.