A ONG Guardiões do Mar acaba de lançar o Manual de Restauração Florestal de Manguezais, um material técnico do Projeto UÇÁ – com patrocínio Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental.
A ONG Guardiões do Mar acaba de lançar o Manual de Restauração Florestal de Manguezais, um material técnico do Projeto UÇÁ – com patrocínio Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental. A publicação promete preencher uma lacuna significativa no que diz respeito à recuperação desse ecossistema vital para o equilíbrio ambiental e a biodiversidade costeira. Escrito pelo engenheiro florestal Guilherme de Assis e coordenado pela bióloga Janaína Oliveira, o manual reflete anos de trabalho e pesquisa em projetos de restauração conduzidos na Baía de Guanabara, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O manual surge como um marco para profissionais da área ambiental, organizações e comunidades que buscam aprofundar seus conhecimentos sobre a restauração de manguezais, um dos ecossistemas mais produtivos do planeta. O presidente da ONG, Pedro Paulo Belga de Souza, que escreveu o prefácio do manual, destacou a importância do material:
“Nossa intenção é diminuir a lacuna existente sobre o tema, trazendo à tona as especificidades da restauração de manguezais. Mais do que um guia técnico, o manual é um chamado para que a sociedade se engaje nessa missão de proteger e restaurar esses ambientes essenciais. Além de demonstrar que as parcerias com comunidades tradicionais, podem potencializar, em muito, os resultados esperados.”
Desafios e conquistas ao longo da jornada
O trabalho de restauração de manguezais promovido pela Guardiões do Mar começou em 2012, quando Guilherme de Assis, recém-formado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), aceitou o desafio de liderar a iniciativa.
“Tendo em vista os severos impactos ambientais causados aos manguezais nas últimas décadas, torna-se necessário adotar medidas de restauração florestal, desenvolvendo tecnologias sociais para o restabelecimento das suas funções ambientais. No Brasil, projetos de restauração florestal de manguezais ainda são pouco difundidos, além de possuírem escassa literatura técnico-científica”, explica o autor.
Ao longo dos anos, a ONG acumulou experiências valiosas, em parceria com instituições como a Petrobras, que patrocinou o Projeto UÇÁ através do Programa Petrobras Socioambiental, permitindo o plantio de 44 hectares de manguezais. Além disso, a Cooperativa Manguezal Fluminense e a APA de Guapi-Mirim se destacaram como parceiros fundamentais na jornada.
“A restauração de um ecossistema vai muito além de plantar árvores. Envolve uma visão ampla que abrange desde a conservação até a regeneração completa do ambiente”, explica Guilherme.
O sucesso da restauração florestal tende a ser resultado do monitoramento e da avaliação efetiva durante toda a sua execução, que é potencializado quando comunidades tradicionais, que possuem íntima relação com o ecossistema, atuam no projeto. Além disso, projetos de restauração florestal, onde há o envolvimento de comunidades tradicionais que vivem dos manguezais, podem ser uma estratégia para aumentar a renda de um grupo que se encontra, na maioria das vezes, em vulnerabilidade social.
A importância do manual para a conservação dos manguezais
O Manual de Restauração Florestal de Manguezais vai além de um simples documento técnico. Ele é fruto de uma experiência prática e científica acumulada ao longo de anos de restauração, trazendo diretrizes para quem deseja se engajar nessa causa. Desde a identificação de áreas degradadas até técnicas de plantio e monitoramento, o material oferece uma visão abrangente dos processos necessários para a recuperação eficiente dos manguezais, afirma Guilherme.
“Esperamos que este manual inspire profissionais e projetos por toda a costa brasileira, contribuindo para a restauração de um ecossistema vital para a biodiversidade e para as comunidades tradicionais que dele dependem”
Além disso, o manual reforça a importância de integrar a restauração com as necessidades das populações locais. Segundo Pedro Belga, a parceria com povos tradicionais é essencial, pois são eles que possuem o conhecimento profundo sobre os manguezais e podem ajudar a conservar e restaurar esses ambientes com eficácia.
Contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O lançamento do manual também está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A restauração dos manguezais contribui diretamente para o combate à mudança climática (ODS 13), promoção da vida na água (ODS 14), erradicação da pobreza (ODS 1) e segurança alimentar (ODS 2), ao proteger e recuperar áreas que sustentam as comunidades tradicionais e a biodiversidade local.
Expectativa para o futuro
Com este lançamento, a ONG Guardiões do Mar reforça seu compromisso de restaurar ao menos meio milhão de árvores de mangue até o final da Década da Restauração, como parte de suas ações para contribuir com a recuperação de ecossistemas no Brasil.
“Este é apenas o começo. A restauração de manguezais não só protege a biodiversidade, como também combate os impactos das mudanças climáticas. Esperamos que este manual sirva como um guia prático para quem deseja se juntar a nós nessa missão”, conclui Belga.
O Manual de Restauração Florestal de Manguezais já está disponível para consulta e download, oferecendo uma ferramenta essencial para pesquisadores, estudantes, comunidades e profissionais interessados em contribuir para a conservação ambiental.
Manual de Restauração Florestal De Manguezais | Guardiões do Mar (guardioesdomar.org.br)